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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Poesia: Augusto dos Anjos

Olá..
Estive pensando hoje que assim como eu, muitos outros alunos do Ensino Médio não tem muita "afinidade" com a matéria de Lingua Portuguesa, no entanto descobri em um poeta do Pré-Modernismo, poemas sensacionais.
Seu nome é Augusto dos Anjos:
http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSKs7ax-FFkpcn_er5lh7I-f_F_ccVmgMuB0wzIKJr3OtQnl2wGAugusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 28 de abril de 1884, no Engenho do Pau d’Arco (PB). O poeta tinha como tema uma profunda obsessão pela morte e teve como base a idéia de negação da vida material e um estranho interesse pela decomposição do corpo e do papel do verme nesta questão. Por este motivo foi conhecido também como o “Poeta da morte”.
Sua única obra marca a literatura brasileira pela linguagem e temática diferenciadas.

Vejamos um trecho de um poema muito conhecido do poeta, chamado “Versos íntimos”:

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija! 


aqui vai outro:

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos

Música: A Lista - Oswaldo Montenegro

Com tantos jovens apaixonados hoje em dia, nada mais comum entre eles, do que procurar na internet letras de músicas que traduzam seus sentimentos de uma forma bem resumida (ou não).
Pensando nisso, aqui vai a letra de uma música que nos faz refletir um pouco sobre o que estamos fazendo com nossas vidas:

A Lista

Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?